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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

'A ESQUERDA REDUZIU A POBREZA NA AMÉRICA LATINA`

Em entrevista à Rede Popular, o sociólogo Marcelo Zero, colunista do 247, afirma que os governos de esquerda latino-americanos promoveram crescimento econômico com inclusão social, mas estão em dificuldades por causa da crise econômica mundial; ele também não vê a eleição de Macri na Argentina e a vitória do anti-chavismo nas eleições parlamentares da Venezuela como prenúncios de uma guinada liberal, no continente; “o neoliberalismo não é um destino histórico”, afirma; segundo o articulista, a direita encontrará dificuldades para adotar políticas recessivas porque “a população, mais exigente e reivindicadora, não aceitará regressões em seus direitos”
Da Rede Popular – Para o sociólogo e especialista em relações internacionais, Marcelo Zero, os governos de esquerda latino-americanos promoveram crescimento econômico com inclusão social e estão em dificuldades por causa da crise econômica mundial.
O analista não vê a eleição de Macri na Argentina e a vitória do anti-chavismo nas eleições parlamentares da Venezuela como prenúncios de uma guinada liberal, no continente. Para ele, o “neoliberalismo não é um destino histórico” e a direita encontrará dificuldades para adotar políticas recessivas porque “a população, mais exigente e reivindicadora, não aceitará regressões em seus direitos”. Zero entende que a contenção de um avanço da direita depende das respostas dos governos progressistas à crise mundial.
O colunista do Brasil 247 defendeu o Mercosul como elemento de integração regional e criticou a política externa dos EUA, que, segundo ele, mesmo com Obama, “continua apostando na segmentação dos países da região e propugnando por acordos de livre comércio bilaterais, nocivos à integração da América do Sul”.
Leia a íntegra da entrevista:  
Rede Popular – A trajetória das esquerdas é de ascensão desde a vitória de Hugo Chávez, na Venezuela, em 1998. Agora o cenário é de crise em países como Argentina, Brasil e Venezuela. Os governos de esquerda fracassaram?
Marcelo Zero – Não, não fracassaram. Na realidade, as experiências recentes dos governos progressistas da América do Sul produziram, em geral, resultados extraordinários, tanto do ponto de vista social, quanto do ponto de vista econômico.
Na Venezuela, por exemplo, a desigualdade, medida pelo índice de Gini, foi reduzida em 54%. A pobreza despencou de 70,8%, em 1996, para 21%, em 2010, e a extrema pobreza caiu de 40%, em 1996, para 7,3%, em 2010.
São números assombrosos, sem dúvida. Números que colocam a Venezuela como o país que mais evoluiu no cumprimento das Metas do Milênio, segundo a ONU.
No Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Equador e no Uruguai processos semelhantes de redução substantiva das desigualdades, de diminuição significativa da pobreza extrema e de ampliação das oportunidades também se verificaram.
Em âmbito estritamente econômico, houve crescimento impulsionado, em boa parte, mas não exclusivamente, pelo ciclo das commodities.  No Brasil, por exemplo, o processo de distribuição da renda e de redução das desigualdades dinamizou sobremaneira o mercado interno de massa, o que se constituiu em vetor substantivo da expansão econômica que se verificou até 2011.
Assim, esses governos progressistas foram, em perspectiva histórica, bem mais exitosos que os governos paleoliberais que os antecederam, os quais não fizeram grandes avanços econômicos e sociais. Ao contrário.
O maior avanço de alguns desses governos foi, contudo, o avanço político. Tanto a Venezuela quanto a Bolívia e o Equador romperam com seus sistemas políticos tradicionais, que alijavam sistematicamente a maior parte da população dos processos decisórios.
Na Bolívia, os indígenas, majoritários naquele país, foram incorporados ao processo político com representação própria e uma nova Constituição.
Na Venezuela, os setores populares, antes totalmente alijados do processo político pelo Pacto de Punto Fijo, obtiveram voz e vez com a nova Constituição chavista, aprovada em referendo democrático.
Entretanto, é necessário levar em consideração que tais processos progressistas ocorreram e ocorrem em regimes capitalistas e que, portanto, eles são vulneráveis aos ciclos típicos dessas economias.
Não se pode desvincular, como a faz a imprensa conservadora, a crise dos governos progressistas da América do Sul da pior crise da economia capitalista mundial desde 1929.
Uma crise muito mais profunda, extensa e duradoura que as crises periféricas que foram (mal) enfrentadas pelos governos paleoliberais, na década de 1990.
Em minha modesta opinião, a superação da crise atual impõe o aprofundamento e o alargamento das experiências progressistas recentes, não o retrocesso ao paleoliberalismo, que enfraqueceu nossas economias, manteve ou aprofundou nossa exclusão social e perseverou, em muitos casos, no alijamento dos setores populares dos sistemas políticos.
Antonio Ledezma e Leopoldo López foram presos devido a ordens judiciais que os acusavam, com provas, de terem incentivado  a violência das guarimbas  e participado da tentativa de golpe de Estado.
Rede Popular – O governo da Venezuela é tratado como de “esquerda radical”, em contraponto a governos como do Peru e Uruguai, tratados como moderados. Essa distinção é real ou os governos são diferentes apenas por razões conjunturais?
Marcelo Zero – Fazer uma contraposição entre “esquerda radical” e governos moderados me parece demasiadamente simplista.
A bem da verdade, as diferenças entre essas distintas experiências passam por fatores estruturais das sociedades que as abrigam.
No caso específico da Venezuela, a experiência chavista não pode ser dissociada da experiência profundamente autoritária e excludente da era pré-Chávez.
Do ponto de vista social, as desigualdades eram simplesmente assombrosas.
De fato, é assombroso que, antes do governo bolivariano, a Venezuela, um país com uma das maiores reservas de óleo do mundo, tinha 70% de sua população abaixo da linha da pobreza e 40% do seu povo na pobreza extrema. Isso diz tudo sobre os governos anteriores.
Antes do governo de Chávez, em 1998, 21% da população estavam subnutridos. É isso mesmo. No país que, como Celso Furtado escreveu em 1974, tinha tudo para se tornar a primeira nação latino-americana realmente desenvolvida, 1 em cada 5 habitantes passava fome. Essa era a Venezuela dos Capriles e da “oposição democrática”.
Hoje, a desnutrição é de apenas 5%, e a desnutrição infantil 2,9%. Méritos ao chavismo.
Hugo Chávez - Ex-presidente da Venezuela
Hugo Chávez – Ex-presidente da Venezuela
Do ponto de vista político, o principal mérito de Chávez foi ter implodido o conservador e excludente modelo político venezuelano, baseado no Pacto de Punto Fijo. Mediante tal pacto, os dois principais partidos conservadores da Venezuela, o COPEI e a URD, se revezavam no poder, sem dar chance a novas forças políticas e aos anseios da maioria da população excluída. Essa era a “democracia” da Venezuela. Essa era a “alternância de poder” pré-Chávez.
Os historiadores comparam o Pacto de Punto Fijo à Política do “café-com-leite” da República Velha brasileira: por trás de uma fachada de democracia, escondeu-se um sistema oligárquico.  Avalia-se que cerca de 50% da população terá sido excluída do exercício do voto desde os anos 60. O sistema eleitoral era excludente, diante de artimanhas diversas (o voto era obrigatório, mas o registro eleitoral era facultativo e, na prática, muito dificuldade à população de baixa renda; os cartórios eleitorais se concentravam nas zonas prósperas do país e não eram facilmente alcançados pelos mais pobres; as zonas eleitorais eram remanejadas segundo cálculos eleitorais do governo de turno). O federalismo venezuelano foi profundamente autoritário, cabendo ao Presidente da República nomear todos os governadores e prefeitos biônicos, muitos dos quais hoje militam na oposição venezuelana. Apenas em 1989 foram realizadas as primeiras eleições para prefeitos e governadores.
Assim sendo, a implantação de quaisquer experiências minimamente progressistas na Venezuela impunha uma ruptura política e institucional de monta. O mesmo pode ser dito da Bolívia.
No Brasil, na Argentina e no Uruguai, isso não foi necessário, embora, em perspectiva histórica, possa se afirmar que, no caso brasileiro, o continuísmo do modelo político impôs pesadas restrições à experiência progressista no Brasil.
Rede Popular – O governo Maduro é acusado de manter opositores do chavismo presos de modo arbitrário. O sr concorda?
Nicolás Maduro - Presidente da Venezuela
Nicolás Maduro – Presidente da Venezuela
Marcelo Zero – Afirma-se que a Venezuela vive uma cruel ditadura, na qual não há liberdade de expressão e de comunicação. Se disse também que Leopoldo López e Antonio Ledezma, líderes da oposição Venezuela na radical, são democratas perseguidos pelos simples fato de serem de oposição. Afirmou-se que o processo conhecido como “la salida” é inteiramente pacífico e se desenvolve dentro dos marcos constitucionais e legais da Venezuela. Não é verdade.
Por exemplo, tomamos conhecimento que, das 43 vítimas fatais dos protestos promovidos pela oposição venezuelana, a maioria é de gente que não tem coloração política e de chavistas. Entre os mortos, há seis membros das forças de segurança da Venezuela. Alguns desses foram mortos com tiros na cabeça disparados por franco-atiradores.
Há também motoqueiros que foram mortos, degolados, pelo arame farpado colocado, de forma irresponsável, pelos “guarimbeiros” da oposição. Pelo menos um dos mortos faleceu pelo uso incorreto de morteiros que seriam disparados contra as forças de seguranças.
Há fotos e vídeos claros de “guarimbeiros” portando armas de fogo e até mesmo fuzis de grosso calibre.
Nos conflitos, houve dezenas de ônibus do transporte público da Venezuela incendiados. Prédios dos distintos poderes da Venezuela, inclusive o do Mistério Público da Venezuela, foram também incendiados pelos “guarimbeiros”. Até mesmo escolas, universidades e ambulâncias não escaparam da fúria da “guarimba”.
Também foi claramente identificada uma nova tentativa de golpe de Estado na Venezuela. A chamada Operação Jericó, que pretendia, em fevereiro deste ano que passou, tomar o poder utilizando-se, inclusive, de aviões para bombardear alguns alvos em Caracas. Segundo a justiça venezuelana, Antonio Ledezma, atual prefeito de Caracas, teria participado da articulação desse malogrado golpe.
Portanto, dizer que tais protestos foram pacíficos e que se deram dentro dos “marcos legais” da Venezuela é simplesmente uma deslavada mentira.
Antonio Ledezma e Leopoldo López
Antonio Ledezma e Leopoldo López
Foi nesse contexto que Antonio Ledezma e Leopoldo López foram presos devido a ordens judiciais que os acusavam, com provas, de terem incentivado  a violência das guarimbas  e participado da tentativa de golpe de Estado.
Rede Popular – A esquerda latino-americana conseguiu construir um modelo político-econômico alternativo ao neoliberalismo? Existe um governo de esquerda no continente que pode ser tomado como exemplo?
Marcelo Zero – Não, não há um modelo político e econômico acabado. Tampouco há uma teorização consistente sobre esse processo histórico recente. O que há são experiências convergentes, mas diferentes, que se desenvolvem em sociedades distintas.
Entretanto, todas elas, em maior ou menor grau, se constituem em alternativas incipientes ao modelo neoliberal.
Essas alternativas vinham “funcionando” bem, até o recrudescimento recente da crise mundial e seus efeitos nocivos nos países emergentes.
Mas elas ainda podem voltar a produzir bons resultados. A volta ao neoliberalismo ou paleoliberalismo não é um destino histórico. Tudo vai depender da resposta à crise política e econômica.
Entretanto, mesmo no caso de retrocessos políticos, como o ocorrido na Argentina, duvido que a população, agora mais exigente e reivindicadora, vá aceitar facilmente regressões em seus direitos e conquistas.
“O México se incorporou ao “trem da História” no vagão da terceira classe destinado aos provedores de mão de obra barata e legislação ambiental flexível.  Querem o mesmo destino glorioso para o Brasil.”
Rede Popular – A presidenta Dilma é acusada de adotar no segundo mandato política econômica ortodoxa (direita) porque a política econômica desenvolvimentista (esquerda) do primeiro mandato deu errado. O que Sr acha disso?
Marcelo Zero – Não, não acho. A política anticíclica adotada por Dilma em seu primeiro mandato vinha funcionando razoavelmente e estava evitando que a crise atingisse a população, principalmente seus setores menos favorecidos.
dilma2012A distribuição de renda continuou, e foi no governo Dilma Rousseff que saímos do Mapa da Fome da FAO e que praticamente eliminamos a pobreza extrema.
Ao final de 2014, lembre-se, apresentávamos as mais baixas taxas de desemprego dos nossos registros históricos, apesar do crescimento reduzido.
Contudo, quando iniciamos a campanha eleitoral, vivíamos num mundo. Terminada a campanha, o mundo era outro. O superciclo das commodities encerrou-se e os preços de nossas exportações colapsaram.
A crise, que antes afetava mais intensamente os países desenvolvidos, passou a se abater também, e pesadamente, sobre os países emergentes. Trata-se, insisto, de uma crise verdadeiramente mundial, cuja profundidade, extensão e duração superam em muito as dimensões das crises periféricas que enfrentamos ao longo da década de 1990.
A esse cenário mundial extremamente adverso, somou-se a grande seca de  2014, que já vinha castigando o semiárido havia 4 anos, e que passou a impactar o Sudeste, aumentando os preços da energia. Mais recentemente, ocorreram os efeitos econômicos negativos da Lava Jato, operação imprescindível para ajudar a refundar as relações entre o sistema político e o poder econômico, mas cujo impacto econômico imediato comprometeu investimentos na cadeia de gás e petróleo e na indústria de construção civil pesada, ocasionando prejuízos que ascendem a pelo menos 2% do PIB, de acordo com avaliações de institutos independentes.
Todos esses fatores combinados esgotaram nossa capacidade de absorver os impactos externos da grande crise internacional.
Uma correção de rumos tornou-se inevitável.
Não obstante, o ajuste fiscal regressivo realizado mostrou-se equivocado e só agravou nossos gargalos financeiros, fazendo cair a receita num ritmo mais acelerado que o da redução de gastos.
A recente mudança no Ministério da Fazenda pode significar mudança para melhor na política econômica, com a recuperação de seus vetores anticíclicos e distributivos.
Em minha opinião, dados os constrangimentos externos, só conseguiremos sair da crise com uma nova dinamização de nosso mercado interno. Novos esforços exportadores serão positivos, mas isoladamente não produzirão efeitos de monta.
Rede Popular – O que o Sr acha da posição do presidente da Argentina, Maurício Macri, em relação à participação da Venezuela no MERCOSUL?
Marcelo Zero – Lamentável. Trata-se, sobretudo, de falta de visão estratégica.
Os conservadores da região sempre se opuseram à entrada da Venezuela no MERCOSUL por razões puramente ideológicas.
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Maurício Macri – novo presidente da Argentina
A adesão da Venezuela ao MERCOSUL veio com a ratificação do “Protocolo de Adesão da Venezuela ao MERCOSUL”, um acordo internacional. Ora, é necessário considerar, em primeiro lugar, que acordos internacionais são celebrados por Estados com fundamento em seus interesses de longo prazo. Nesse processo de natureza estratégica e diplomática, governos são circunstanciais. Os compromissos de política externa constituem-se, por definição, em compromissos de países. Portanto, quem aderiu ao MERCOSUL não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas.
A Venezuela já é um dos principais parceiros comerciais e de investimentos do Brasil na região.  O mesmo ocorre em sua relação com a Argentina. Não é do interesse estratégico de nossos países que a Venezuela saia do MERCOSUL.
Ademais, querer retirar a Venezuela do MERCOSUL alegando a quebra da ordem democrática prevista no Protocolo de Ushuaia é simplesmente ridículo.
A oposição venezuelana acaba de ganhar as eleições legislativas, num pleito inteiramente livre e transparente, como todos os outros ocorridos na Venezuela chavista.
A Venezuela é hoje um país muito mais democrático do que era na era pré-Chávez.
Rede Popular – A eleição do direitista Maurício Macri para presidente da Argentina e a derrota do chavismo nas querelas parlamentares da Venezuela são indicativos de que teremos uma retomada neoliberal na América Latina?
Marcelo Zero – Há, sim, uma onda conservadora na região, que se aproveita dos impasses gerados pela crise. Mas, como já afirmei, tal retomada não é um destino histórico. Tudo dependerá da resposta à crise e da capacidade de articular as resistências a partir dessa resposta. Evidentemente, respostas conservadoras e regressivas apenas fragilizam ainda mais governos progressistas.
Rede Popular – Quais serão os impactos políticos e econômicos imediatos na latino-américa de uma vitória republicana na disputa pela Casa Branca em 2016?
Marcelo Zero – Não creio que haveria mudanças substantivas.Ao contrário das expectativas geradas durante sua primeira campanha eleitoral, a política externa de Obama persistiu nas mesmas diretrizes básicas e nos mesmos erros da política externa republicana, principalmente no que tange ao Oriente Médio.
Embora tenha retirado tropas do Iraque, Obama apoiou a invasão da Líbia e as intervenções na Síria. Foi na sua gestão que o Estado Islâmico foi cevado com apoio financeiro e político.
Em relação à América Latina, não houve mudanças significativas. A administração norte-americana continua apostando na segmentação dos países da região e propugnando por acordos de livre comércio bilaterais, nocivos à integração da América do Sul e ao protagonismo brasileiro no subcontinente.
As diferenças entre republicanos e democratas nessa área são mais de estilo e formais do que propriamente de conteúdo das políticas.
“Retirando da Petrobras a condição de operadora do pré-sal, o Brasil se transformaria, dessa forma, no país que não tem cadeia do petróleo, não tem produção nacional e não tem futuro.”
Rede Popular – As esquerdas latino-americanas passaram a se articular de modo supranacional a partir da queda do Muro de Berlim, o professor vê as direitas locais se articulando de modo parecido nos últimos anos?
Marcelo Zero – Como afirmei, há, sim, uma onda conservadora na região, que se nutre da crise das experiências progressistas.
As direitas locais, na realidade, sempre se articularam. A Operação Condor, que articulou a repressão em nível regional nos anos 1970, é um exemplo claro disso.
Mais recentemente, o Senado brasileiro enviou Comissão Externa à Venezuela para se encontrar exclusivamente com a oposição de direita venezuelana. Outro exemplo, desta vez malsucedido.
Herbert Marcuse certa feita afirmou que as direitas eram sempre muito homogêneas e unidas, pois tinham interesses comuns a defender. Já as esquerdas tendiam a mostrar desunião, pois tinham ideias diferentes a propor.
O capital está sempre articulado, regional e internacionalmente.
Rede Popular – A relação política das direitas locais brasileiras com o capital estrangeiro coloca em risco a soberania nacional e riquezas como o Pré-Sal?
Marcelo Zero – Sem dúvida. O programa da direita brasileira está mais ou menos resumido no documento “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB.
Trata-se, a bem da verdade, de “uma pinguela para o passado”. Uma pinguela desenhada com régua e esquadro do capital estrangeiro.
Voltou, com grande força, a agenda destrutiva do Estado Mínimo, ensejada pela “necessidade” da contenção de gastos e do “equilíbrio fiscal”.
No que tange à (des)proteção social, pretende-se “regulamentar a terceirização”, inclusive em atividades-fim, forma perversa e sub-reptícia de burlar e corroer a proteção trabalhista herdada dos tempos de Getúlio Vargas. Com isso, o Brasil poderá regredir livremente aos tempos da República Velha, quando a incômoda questão social era simples caso de polícia.
Outra pauta conservadora é o fim do MERCOSUL, que é o que efetivamente se propõe quando se fala em “acabar com a união aduaneira”. Querem acabar com esse bloco sob o pretexto esfarrapado de que ele impede o Brasil de se integrar às “cadeias produtivas globais”.
Ora, o Brasil já faz parte, há muito tempo, das cadeias globais de produção, na incômoda condição básica de exportador de produtos primários. Mas não por culpa do MERCOSUL. Ao contrário, é esse bloco e a integração regional como um todo que vêm salvando a nossa combalida indústria. Entre 2009 e 2014, já em plena crise, a Associação Latino-americana de Importação (ALADI), que inclui o MERCOSUL, absorveu mais exportações brasileiras de manufaturados que todos os países desenvolvidos somados. Para o MERCOSUL, nossas exportações estão concentradas em 92% em bens industrializados, e com grande superávit a nosso favor.
O que se quer, na realidade, com essa conversa tola, é ressuscitar o finado projeto da ALCA, mediante acordos bilaterais de livre comércio. Acham que essa ALCA bilateralizada elevaria o patamar econômico do Brasil. Engano crasso e parvo. Que o diga o México, país plenamente integrado às cadeias produtivas globais, campeão mundial na celebração de acordos de livre comércio, mas que tem, hoje, cerca de 50% de sua população abaixo da linha da pobreza, não tem indústria real significativa além das “maquilas”, e que é totalmente incapaz de produzir inovação tecnológica. É incapaz até de se alimentar sozinho. O México importa atualmente dos EUA até mesmo o milho, base da sua culinária.
O México se incorporou ao “trem da História” no vagão da terceira classe destinado aos provedores de mão de obra barata e legislação ambiental flexível.  Querem o mesmo destino glorioso para o Brasil.
Também desejam, aliás, o mesmo destino glorioso para a Petrobras, quebrada pelo insustentável “fardo” de 176 bilhões de barris de petróleo, de acordo com última estimativa para o pré-sal do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Almejam que tal fardo seja transferido para a Chevron e outras grandes multinacionais, as quais, em louvável ato de altruísmo, o assumiriam com indisfarçável prazer. Retirando da Petrobras a condição de operadora do pré-sal, com o tempo ela se transformaria numa espécie de NNPC, a empresa nigeriana do petróleo que não produz, não controla e não supervisiona. E o Brasil se transformaria, dessa forma, no país que não tem cadeia do petróleo, não tem produção nacional e não tem futuro.

14 SINAIS DE QUE VOCÊ TEM MÁ CIRCULAÇÃO DE SANGUE


Desde que nascemos, nosso corpo trabalha constantemente para distribuir mais de cinco litros de sangue no corpo. 

Artérias e veias são como estradas que levam sangue. 

Isso ajuda o bom funcionamento dos órgãos, fornece nutrientes e hormônios, regula o PH e contribui essencialmente para todos os processos corporais.

Como estradas, as artérias e veias precisam de cuidados e manutenção para funcionar corretamente.

O que é a má circulação sanguínea?

Alguém com má circulação, recebe uma quantidade insuficiente de sangue em determinadas partes do corpo.

O acúmulo de placa e outros fatores dificultam e limitam a boa circulação nas pernas, braços, coração e outras áreas importantes.

Existem vários hábitos, condições médicas e comportamentos que tornam um indivíduo suscetível a sofrer desse problema.

Cigarro, gravidez, distúrbios alimentares e obesidade são apenas algumas das muitas razões pelas quais uma pessoa pode ficar com má circulação.

A má circulação do sangue afeta pessoas de todas as idades e, se não tratada, pode causar sérios danos ao seu cérebro, coração, fígado, rins e extremidades. 

É mais comum em idosos, mas deve ser levada a sério em qualquer idade.

E quais são os sintomas?

Os sintomas

A má circulação do sangue é um assassino silencioso porque normalmente os sintomas dificilmente aparecem na fase inicial e só são comprendidos numa fase em que o problema já está agravado. 

Mesmo assim, é preciso ficar alerta para algumas manifestações.

Conheça alguns dos sinais de um possível problema de má circulação:
1. Úlceras nas pernas

Estas úlceras são inflamações na pele das pernas como uma erupção cutânea que se recusa a desaparecer. 

Se quer saber se está com com má circulação, observe a área dos pés e pernas.

Procure por manchas secas vermelhas de vários tamanhos em sua pele.

2. Inchaço

Se a má circulação está começando a interferir nos rins, pode causar um inchaço anormal.

Se suas mãos ou pés ficarem inchados, isso pode ser um sinal de que o sistema circulatório não está bem.

3. Descoloração da pele

Se o bombeamento de sangue através de suas veias não for bom, você irá notar uma ligeira descoloração, também conhecida como cianose. 

Seus dedos ficam com um aspecto ligeiramente maltratado e outras áreas dos pés ou das pernas podem ter uma aparência azulada, muito diferente do que é o habitual.

4. Varizes 

A má circulação leva o sangue a aumentar a pressão nas veias. 

Isso leva ao inchaço das veias que ficam logo abaixo da superfície da pele.

Você pode sentir uma leve dor após longos períodos de tempo sentado, ou coceira durante o dia.

Esses problema ocorre mais comumente perto dos pés e tornozelos.

5. Perda de cabelo e unhas quebradiças

Um dos sinais mais claros de que seu corpo não está recebendo a quantidade adequada de nutrientes ocorre em seu cabelo e unhas.

Seu cabelo pode parecer seco e fraco e começar a cair em algumas áreas.

Você vai notar a pele muito mais seca e sentirá ardor.

Além disso, as unhas tendem a ficar muito mais fracas e quebram com facilidade. 

6. Problemas digestivos 

Com menos bombeamento de sangue no corpo, todos os órgãos sofrem o impacto. 

O sistema digestivo não se exclui.

Quando a digestão é mais lenta, pode vir a constipação e as evacuações ficarem muito menos frequentes.

7. Sistema imunológico enfraquecido

A capacidade do organismo para detectar e combater patógenos (agentes causadores de doenças) também será afetada pelo fluxo sanguíneo mais lento.

E, por isso, você pode pode ficar doente com muito mais frequência.

Você também pode notar que os ferimentos e as lesões demoram muito mais tempo para se curar.

8. Mãos e pés frios

Quando o sangue flui em um ritmo normal, ele ajuda a manter a temperatura corporal em um nível saudável. 

Se o movimento é lento, o controle de temperatura também é lento.

Isso produz uma sensação de frio, geralmente em áreas com uma grande quantidade de terminações nervosas, como as mãos e os pés.

9. Cansaço

Quando o fluxo de sangue diminui, a quantidade de combustível fornecido aos músculos é restrita.

Com menos oxigênio e nutrientes para alimentar os músculos, o corpo fica mais cansado mais facilmente.

Este sintoma é caracterizado por falta de ar, dor nos músculos e menos resistência durante as atividades diárias.

10. disfunção erétil 

Homens com má circulação podem experimentar um fluxo insuficiente de sangue nos órgãos reprodutivos.

Com o tempo, torna-se cada vez mais difícil ter relações sexuais e pode ser que a vida sexual se apague totalmente.

11. Angina

Os sintomas da angina começam com uma dor esmagadora no peito. 

Há diminuição do fluxo sanguíneo no coração, provocando uma sensação de aperto em torno da área do peito. 

O peso vem e vai, e isso é um sinal de má circulação sanguínea.

12. Falta de apetite

O fígado,  quando recebe uma quantidade adequada de de sangue, é responsável pelo envio de sinais de fome para o cérebro.

Se estiver com má circulação, você pode começar a ter menos desejo por comida e comer menos durante o dia.

Isso também leva à perda de peso, outro sintoma comum de má circulação.

13. Pensamento confuso

O cérebro depende em grande parte do fluxo de sangue para funcionar corretamente.

Devido a problemas circulatórios, você pode se sentir menos focado e mentalmente cansado ao longo do dia.

A má circulação também pode afetar sua memória de curto e longo prazo.

14. Dormência

Quase todo mundo já experimentou dormência em algum membro que ficou sem movimento por muito tempo. 

Com a má circulação, você sentirá isso muito mais frequentemente e em partes do corpo onde normalmente não há dormência.

E a sensação de dormência, neste caso, não dura apenas alguns minutos.

Como você pode ver, a má circulação de sangue é um problema sério que pode afetar seu corpo de forma muito significativa.

Para melhorar a circulação sanguínea, o melhor remédio certamente é um estilo de vida saudável, com uma alimentação natural e a prática regular de exercícios.

BOLSAS DA CHINA SÃO SUSPENSAS APÓS QUEDAS DE 7%


Baixa do índice CSI300, que aglutina as 300 principais empresas cotadas nas duas Bolsas, forçou a suspensão das cotações, na primeira vez em que foi aplicada a nova norma das autoridades de regulamentação; o objetivo da suspensão é conter a alta volatilidade e evitar a repetição do 'crack' da Bolsa do ano passado; a moeda chinesa caiu ao nível mais baixo frente ao dólar desde 2011


Da Agência Lusa
As bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen encerraram o funcionamento até o fim do dia, depois de cair 7%, de acordo com um novo mecanismo que entrou hoje (4) em vigor, para reduzir a volatilidade. Segundo a agência oficial chinesa Xinhua, é o nível mais baixo desde maio de 2011.
A queda do yuan em relação ao dólar faz com que as exportações sejam mais baratas para o mercado norte-americano, enquanto a importação de bens e produtos daquele país fica mais cara para o consumidor chinês.
A queda do índice CSI300, que abrange as 300 principais empresas cotadas, ativou pela primeira vez o encerramento antecipado das negociações, em consequência das novas regras regulatórias.
As negociações já tinham sido interrompidas por 15 minutos, sem que a medida conseguisse conter a queda.
Os novos mecanismos pretendem impedir fortes quedas nas bolsas de Xangai e Shenzhen e evitar baixas como as do verão passado.
As novas regras da Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China aumentam as restrições às flutuações diárias que se verificam nos mercados chineses, prevendo, por exemplo, a suspensão das bolsas por 15 minutos se forem registrados ganhos ou perdas com variação de 5%.
Se a queda ou aumento, apesar da pausa, chegar aos 7%, ou aos 5% na última meia hora da sessão da tarde, o encerramento ocorrerá automaticamente.
Xangai e Shenzhen estão entre as bolsas mais voláteis do mundo, já que são especialmente vulneráveis a rumores que causam o pânico nos 90 milhões de acionistas, muitos deles investidores individuais sem formação financeira.
No verão passado, as bolsas chinesas registaram quedas diárias acima dos 7% e 8%. O índice de referência do país, o de Xangai, chegou a cair 8,49% em um só dia, 24 de agosto, o pior desde fevereiro de 2007.

Técnica que modifica DNA pode ser chave da cura de muitas doenças

Técnica que modifica DNA pode ser chave da cura de muitas doenças

Maior avanço científico de 2015 gera polêmica. Técnica também permite que embriões humanos sejam geneticamente modificados.





Veja o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=GD2IiEwrA6s

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ivete Sangalo protagoniza cena de ciúmes do marido

Gente como a gente! Ivete Sangalo protagonizou, no primeiro show do ano, uma cena de ciúmes do marido que deu o que falar na internet.
A cantora baiana se apresentava num show fechado em Guarajuba, na Bahia, na ultima sexta-feira, dia 1º. Ate ai, tudo bem, mas quando Ivete avistou o marido, Daniel Cady, de papo ao pe do ouvido com uma mulher no camarote, ai a casa caiu. Ela chamou a atenção do marido do palco e ainda perguntou: “Quem e essa?”.
Sem entender a situação, ela demonstrou ter ficado irritada com o que estava vendo. “Quem é essa aí, papai? Tá cheio de assunto, hein… Vou passar a mão na cara”, disparou ela, insistindo em seguida: “Quem é essa daí? Conversando pra c… Manda ela subir aqui no palco para fazer essa conversinha de ouvido comigo”, completou a cantora, gesticulando e visivelmente incomodada com a situação. Ivete Sangalo e Daniel Cady estão casados há 9 anos e são pais de Marcelo, que está com 6 anos. Segundo informações de bastidores, a mulher em questão estava comentando com Daniel sobre o desempenho de Ivete no palco quando foi avistada pela artista, e a tal moça tinha conhecimento de que se tratava do marido da cantora. O nutricionista permaneceu a maior parte do tempo em um espaço reservado com open bar.
Ivete Sangalo
E a suposta causadora da discórdia se pronunciou: “Ivete confie no seu taco!! Essa de ciúme de Daniel seu esposo conversando comigo no camarote !!! Quem é essa papai cheia de assunto? Ainda falou que ia passar a zorra em mim.!!! Kkkk é uma piada …meu nome é Carla verde…que estresse é esse?”, escreveu a moça, que em seu perfil na rede social aparece em um relacionamento sério.
Vale lembrar que Veveta já declarou que sente ciúmes mesmo do marido e que chega a trocar a roupa dele se achar que ele esta muito bonito. “Uma mulher chata tem que tomar logo ‘zigue’. Assim como o homem também. Não sou uma mulher ciumenta, sou uma pessoa que tem uma certa posse. Meu marido me dá muitos motivos para me deixar com ciúmes. Ele se arruma e fica gatinho eu vou lá e troco a blusa dele”.
Ivete se apresentou ontem, sábado dia 02, em Guarapari para um multidão e não comentou sobre o ocorrido na noite anterior.
Veja o video abaixo:

Nojento: dermatologista faz sucesso no YouTube removendo cravos e espinhas

Você está cansado do seu trabalho? Passa os dias reclamando das atribuições cada vez mais complexas e das metas difíceis de serem alcançadas? Que tal mudar completamente de área e se tornar um espremedor profissional de espinhas? É assim que a dermatologista Sandra Lee, dos EUA, ganhou mais de meio milhão de seguidores no seu canal no YouTube.
Na rede de vídeos, Sandra compartilha situações pra lá de nojentas mostrando diferentes tipos de cravos, espinhas, cistos e abcessos sendo retirados de seus pacientes. Tanto que essa fixação por vídeos de espinhas tem popularizado o termo “pimple porn” – algo como “pornô de espinhas”.
“Antigamente as pessoas estavam se escondendo em seus quartos, preocupados que alguém iria entrar e pegá-las olhando ‘pornografia de espinhas’”, analisa Sandra. “Mas agora elas se sentem em uma comunidade de apreciadores desse tipo de vídeo e que não há problema em assisti-los”, complementa. Ficou curioso? Então dê o play no vídeo abaixo por sua própria conta e risco.
Atenção, as imagens podem ser bastante perturbadoras!

Reação aos vídeos

Sandre Lee mora na Califórnia e trabalha como dermatologista há 10 anos. Ela conta que há duas grandes categorias de apreciadores desse tipo de conteúdo: aquelas pessoas que assistem a imagens de pequenas espinhas e cravos sendo retirados e outras que curtem um lance mais hardcore, em que os cistos e abcessos necessitam de pequenas incisões para serem expurgados da pele do paciente. Esse segundo tipo pode conter até um pouco de sangue.
Apesar de ter feito sucesso com vídeos bastante nojentos, Sandra conta que não trabalha apenas com isso em sua clínica. Ela atende cerca de 30 pacientes por dia com problemas de pele e apenas uma pequena parcela se refere a problemas com espinhas, cravos e abcessos. Ela pretende usar sua popularidade na rede social para mostrar outras doenças de pele e maneiras de preveni-las.
A fama também fez com que ela pudesse disponibilizar atendimentos gratuitos – desde, é claro, que ela possa filmar o procedimento e colocá-lo no YouTube. Seus fãs agradecem e acabam se tornando seus próprios pacientes-estrelas dos vídeos. Coragem, hein? Na internet, também é possível encontrar vídeo com reações de pessoas aos vídeos da Dra. Sandra Lee. Confira um deles abaixo:

***

Antes de ser demitido, Sidney Rezende criticou demonização do governo

"O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Assim como os acertos também devem ser publicados", disse Rezende
por Revista Fórum — publicado 16/11/2015 15h25

Um dia antes de ser demitido da GloboNews, onde atuava desde 1997, o jornalista Sidney Rezende, âncora do Jornal GloboNews, divulgou em seu perfil no Facebook texto no qual critica a “má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia” com a gestão deDilma Rousseff.
“A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo”, afirmou Rezende. As informações são do blog do Mauricio Stycer.
“Uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer também”, argumentou Rezende no artigo, publicado na última quinta-feira 12 e intitulado “Chega de notícias ruins”.
“Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”
Rezende continuou: “O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Da mesma forma que os acertos também devem ser publicados. E não são. Eles são escondidos. Para nós, jornalistas, não nos cabe juízo de valor do que seria o certo no cumprimento do dever”.
De acordo com ele, é “hora de mudar” da imprensa mudar sua postura. “O povo já percebeu que esta “nossa vibe” é só nossa e das forças que ganham dinheiro e querem mais poder no Brasil. Não temos compromisso com o governo anterior, com este e nem com o próximo. Temos responsabilidade diante da nação.”
Após demitir o jornalista na sexta-feira 13, a Globo disse, em nota, que “só tem elogios à conduta profissional de Sidney, um jornalista completo”.
* Publicado originalmente na Revista Fórum
Leia o texto de Sidney Rezende na íntegra:

A falsificação de vinhos vai parar nos tribunais


Um pinot noir do Oregon, disfarçado do exclusivíssimo néctar do diminuto domaine de Monsieur de Villaine, na Borgonha, e outros riscos
por Nirlando Beirão — publicado 03/01/2016 00h08, última modificação 03/01/2016 00h21

É pirataria, sim, igual à dos vídeos, dos CDs, dos relógios de grife, dos tênis Nike, dos iPads, dos presuntos San Danielle, das bolsas da Hermès e das miraculosas pílulas azuis do Viagra; aqui também a bandeira negra é hasteada por conta da – ao pé da letra – sede de consumo de um contingente de pessoas cada vez maior, cada vez mais curioso e cada vez mais disposto a gastar pequenas fortunas pelo ainda que ilusório prazer de se sentar à mesa dos verdadeiros degustadores. 
A diferença, no caso do vinho, é que o desavisado geralmente não é cúmplice da fraude, é apenas e tão somente vítima dela. É capaz de, trapaceado pelo rótulo, sorver um chardonnay chileno do Valle de Casablanca na vã crença de estar levando à boca um Puligny-Montrachet mis en bouteille au château.
O crime nasce da estatística: o mercado global do vinho cresce de ano para ano e, evidentemente, não há como expandir o terroir – tampouco a produção – dos grand crus classés que fascinam os varejistas, os leiloeiros, os compradores clássicos e os insaciáveis emergentes. O mundo bebeu 31,68 bilhões de garrafas de vinho em 2013; um ano antes, o consumo tinha sido de 30,96 bilhões. Uma firma inglesa de pesquisas, a IWSR, avalia que, em 2018, vá chegar a 32,76 bilhões de garrafas vendidas, ou 2,73 bilhões de caixas. Nos interstícios de tais números, opera hoje o minucioso e lucrativo ofício dos contrafatores.  
Tão ousados são eles que, embora o lucro exploda mesmo é quando se consegue vender um genérico sob o rótulo de um DOC, hoje em dia a fraude não escolhe pedigree. Há mais de uma década noticiou-se a existência de lotes de falsos Bordeaux em Xangai, mas osconnaisseurs do Ocidente deram de ombros – era problema lá dos chineses, irrecuperavelmente copistas. De repente, nas prateleiras de negociantes do Reino Unido foram flagradas 80 garrafas adulteradas do Jacob’s Creek shiraz-cabernet da Austrália – vinho tinto que mesmo no Brasil não chega a 70 reais. Tinham sido adquiridas de intermediários chineses. 
Como a patrulha do palato nem sempre é capaz por si só de acionar o alarme da adulteração, tem entrado em ação, de uns anos para cá, um sistema coletivo de vigilância que integra produtores, peritos, críticos e, por último, mas não por menos, a polícia. Foi assim que se conseguiu botar a mão, por exemplo, no mais ousado falsificador da América, um próspero consultor de menos de 40 anos, nascido na Indonésia com ancestrais chineses. 
Rudy Kurniawan chegou à Califórnia em 1993 como estudante. Só no ano 2000 é que, no aniversário do seu pai empresário, Rudy saboreou um gole de Opus One 1995, a obra-prima de Robert Mondavi. Foi como uma epifania. A partir daquele dia saiu pelo mundo vestindo o figurino dos frenéticos colecionadores. Comprava Bordeaux e, de preferência, bourgognes. Virou figurinha carimbada nos leilões. 
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Na mansão de Los Angeles, a cozinha virou destilaria.(Ricardo Dearatanha/ Los Angeles Times)
Assim como comprava, percebeu que vender também era ótimo negócio. Em 2006, apogeu de sua carreira de wine dealer, chegou a faturar 24,7 milhões de dólares num único leilão dirigido por John
Kapon, da Acker Merrill & Condit. Continua a ser o recorde para um único vendedor. Naturalmente, virou xodó das rodadas endinheiradas de degustação, às quais chegava a bordo de sua Bugatti Veyron de 2 milhões de dólares. Outro de seu capricho de colecionador eram obras de arte contemporânea.
A ansiedade exibicionista de Rudy logo iria lhe passar uma rasteira. Entusiasmado pelo sucesso prévio, tentou incluir, em 2008, em leilão da mesma casa Acker, 22 lotes de requintados bourgognes do Domaine Ponsot. O mesmo proprietário, Laurent Ponsot, desconfiou de tanta abundância e denunciou os lotes como falsos. Quando o leiloeiro quis saber de Kurniawan a origem do vinho, ele foi tremendamente evasivo.
Azar maior ainda deu ele porque o FBI já andava investigando suspeita de fraude em vinhos por sugestão, melhor ainda, por pressão de um dos bilionários mais influentes dos Estados Unidos: William Koch, que, com seu irmão David, ambos financiadores das mais trevosas figuras do Partido Republicano, configura uma dobradinha fraterna de deixar no chinelo os sinistros Lehman Brothers. 
Bill Koch arrematara, em 1985, quatro garrafas de um Bordeaux do século XVIII apregoadas como procedentes da adega de Thomas Jefferson, quando embaixador dos Estados Unidos na França, antes de virar presidente da República na América. Eram duas garrafas assinadas Lafitte e duas, Château Mouton. O magnata pagou uma fortuna, mas a desconfiança – e não os Bordeaux provavelmente avinagrados – é que lhe corroeu o fígado. Entrou com um processo contra um negociante alemão, Hardy Rodenstock, e contratou ex-agentes do FBI para uma investigação paralela. A Secretaria de Justiça interessou-se e também passou a apurar.
O mercado passou a ficar arisco e, em 2012, quando Kurniawan tentou infiltrar 78 garrafas do incomparável Domaine de la Romanée-Conti, o vinho mais caro do mundo, num leilão em Londres, nem mesmo sua reconhecida reputação (o apelido dele no clubinho era “Dr. Conti”) barraram a suspeita. As garrafas foram recusadas. 
 Poucos dias depois, em março daquele ano, agentes do FBI vestidos com coletes à prova de bala – a revista Wine Spectator nesta sua edição de novembro narra a ação com detalhes de thriller de Hollywood – bateram à porta de sua típica mansão em Arcadia, subúrbio trendy de Los Angeles. Eram 6 da manhã. 
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Romanée-Conti, mais de 5 mil euros. (Thierry Esch/ Paris Match)
Quando os policiais já se preparavam para arrombar a porta, assomou uma frágil figura em elegante pijama de seda. A cozinha e até um dos banheiros do palacete abrigaram uma destilaria clandestina de fino profissionalismo. Rótulos e uma cera especial para envelhecê-los de forma a parecerem antiquíssimos millésimés. O “Dr. Conti” foi algemado, processado e condenado, numa corte de Nova York, a dez anos de prisão. 
Cumpre pena num presídio federal de Taft, na Califórnia, onde só uma vez por ano pode ter acesso a um daqueles vinhos de sonho que ele tanto apreciava: no Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day). Sua vertiginosa trajetória, do prazer ao crime, será documentada em filme coproduzido na França e na Inglaterra, dirigido por Jerry Rothwell (que acompanhou ativistas do Greenpeace no documentário How to Change the World). A produção já negociou com o fraudador seu porcentual no copyright
*Publicado originalmente na edição 880 de CartaCapital, com o título "Falso ou autêntico?"

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