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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Atriz faz piada com Bolsonaro e é ameaçada e chamada de 'vagabunda'

Dias depois de compartilhar em seu Instagram uma imagem fazendo piada com o deputado Jair Bolsonaro, Ingrid Guimarães voltou às redes para falar sobre a repercussão negativa que recebeu sobre a postagem.

Segundo a atriz, apoiadores do deputado começaram a deixar comentários ofensivos e ameaças na foto. Em depoimento publicado em seu Facebook, desabafou: “Fui atacada, ameaçada, chamada de vagabunda, global (pra alguns é xingamento), acusada de ter usado a lei rouanet (oi?) e por isso estar mancomunada com o governo, tinha até uma tenente dizendo que estava ‘de olho em mim’”.

No post, Ingrid ainda se mostrou assustada com a quantidade de gente que apoia Bolsonaro e acredita em sua campanha para a presidência nas eleições de 2018. “Se você acha que o inferno é agora, amigo, 2018 está chegando e com ele o verdadeiro golpe: o moralismo, o preconceito, o machismo e o radicalismo em um só candidato. Cheio de fãs jovens fofos que falam palavrão e chamam atrizes de puta em nome da família”, escreveu.

Horas depois da publicação, Ingrid apagou a declaração de seu perfil na rede social.

Leia na íntegra:

“Coloquei uma piadinha sobre Bolsonaro no meu insta e fui atacada, ameaçada chamada de vagabunda, global ( pra alguns é xingamento), acusada de ter usado a lei rouanet (oi?) e por isso estar mancomunada com o governo, tinha até uma tenente dizendo que estava “de olho em mim”.

Mas de tudo o que mais me chocou foi ver a quantidade de Bolsonaroprapresidente2018
Fui pesquisar a cara das minhas ameaças e a maioria eram jovens cristãos com instagram fofo cheio de dizeres. Tive medo e apaguei.

Pq se vc acha que o inferno é agora amigo 2018 está chegando e com ele o verdadeiro golpe: o moralismo, o preconceito, o machismo e o radicalismo em um só candidato. Cheio de fãs jovens fofos que falam palavrão e chamam atrizes de puta em nome da família. Alguem tem contato em Portugal?”


O Dia


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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Sem-teto acha R$ 500, devolve e ganha R$ 25 mil de recompensa

Um sem-teto deu um belo exemplo de honestidade e teve uma recompensa pela boa ação de forma multiplicada.A vida de Gary, que mora nas ruas de Liverpool, na Inglaterra, se transformou a partir do Natal, quando ele achou uma sacola de compras de uma loja de ternos chamada Greenwoods Menswear.

Quando percebeu que dentro da sacola tinha um terno com uma etiqueta que marcava 140 libras (equivalente a 560 reais) e outros itens, o homem foi até a loja para entregar tudo ao comprador.De acordo com o site inglês Mirror, Gary pensou que o dono iria precisar do terno para uma ocasião especial – um casamento, uma formatura ou talvez até um velório.
Foto: Divulgação
Lewis Roberts, que esqueceu a sacola, foi contatado pela loja e, quando foi buscar os itens que havia esquecido, recebeu tudo das mãos de Gary.
Ao saber da história de honestidade do sem-teto, Lewis fez uma publicação no Facebook no dia seguinte.Desde então, Gary recebeu várias ofertas de emprego e ajuda financeira.Darren Galvin foi uma das 50 mil pessoas que se comoveram com o caso.Ele compartilhou a história e criou uma pagina no site de vaquinha virtual GoFundMe, para ajudar Gary.Ele pedia 2 mil libras – mais de 8 mil reais. Para supresa de todos, em apenas 5 dias de doações, a campanha conseguiu arrecadar o triplo: passou de 6 mil libras – 25 mil reais.
A loja de ternos Greenwoods também deu a Gary um casaco para passar o inverno e um terno para usar em suas futuras entrevistas de emprego.
Com informações do Só Notícia Boa.

Presidente da Riachuelo se arrepende de apoiar o Impeachment: 'achamos que Dilma era a culpada'

Guararapes, controladora da varejista de moda Riachuelo, registrou lucro líquido de R$ 17,8 milhões no terceiro trimestre, o que representa queda de 44,4% em relação ao período de julho e setembro do ano anterior.

Segundo a companhia, o desempenho mais fraco foi reflexo da queda nas vendas mesmas lojas e do aumento dos encargos da folha de pagamentos.

Flávio Rocha, presidente da empresa, defendeu em março que o empresariado do país precisava "sair da toca" sobre suas posições políticas para garantir uma guinada liberal no Brasil – caminho que, na sua avaliação, poderia tirar o país da crise.

Agora, Flávio se arrepende. A interlocutores, o empresário admitiu que a política econômica de Dilma nunca foi o problema do país, e que as coisas estão piores. Vale lembrar, no início do ano, o grupo Riachuelo foi condenado por praticar trabalho escravo.

Na ocasião, uma costureira que trabalhava para o grupo relatou uma série de abusos físicos e psicológicos. As funcionárias não bebiam água e quase não faziam necessidades fisiológicas por conta das limitações de trabalho impostas.

A ex-funcionária desenvolveu Síndrome do Túnel do Carpo, que provoca dores e inchaços nos braços. A ação aponta que a trabalhadora teve a sua capacidade laboral diminuída devido ao ritmo de trabalho exaustivo demandado pela fábrica potiguar, onde são confeccionadas peças de roupa vendidas pelas lojas da Riachuelo.


O erro fatal de Dilma e Lula no trato com a mídia

Por Paulo Nogueiro: Os barões da mídia gostam de manter a pose à luz do sol, mas na sombra a história é bem diferente.

No último Roda Viva, o jornalista e escritor Carlos Maranhão falou sobre a biografia que lançou há pouco de Roberto Civita.

Num determinado momento, Maranhão citou traços fundamentais de RC.

Um deles, típico dos liberais clássicos, era a fé cega no mercado. O governo, para RC, jamais deveria se meter na economia.

É um credo compartilhado pelos demais barões da mídia.

Nos meus tempos de Globo, lembro que um dia João Roberto Marinho sugeriu que grafássemos Estado com o “e” inicial minúsculo. Era uma forma de mostrar o desprezo pelo Estado.

O problema é que todas as empresas jornalísticas brasileiras — eu disse todas — dependem visceralmente do governo.

Nenhuma delas sobreviveria se o governo seguisse o conselho delas e se ausentasse da economia.

São estadodependentes. Morreriam sem as mamatas e os privilégios que o Estado lhes oferece há décadas.

Publicidade bilionária, empréstimos em bancos oficiais a juros maternais e por aí vai — tudo com dinheiro público.

Maranhão, no Roda Viva, falou do dinheiro que a Abril gasta em papel todos os anos para imprimir suas revistas: 100 milhões de dólares.

O que ele não disse é que a Abril não recolhe impostos sobre o papel importado. Nem ela e nem qualquer outra empresa de mídia impressa. É o infame papel imune. (Imune de impostos.)

Com recursos do contribuinte, as companhias jornalísticas cresceram barbaramente.

Em tese, os governos petistas teriam armas para pressionar os barões a lhes dar um tratamento justo.

O ministro da Justiça de Geisel, Armando Falcão, dizia que isso jamais deveria ser esquecido pelos governantes: o poder do governo de influenciar as corporações de mídia em troca dos favores oferecidos.

Mas Lula e Dilma esqueceram, com as conhecidas consequências. Deram muito e não cobraram nada.

Foi seu erro fatal.

Veio o impeachment, veio o golpe — e os donos da mídia puderam continuar a louvar, com imensurável descaro, as virtudes de uma sociedade em que o Estado está fora da economia.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Salário mínimo não tem aumento acima da inflação pela 1ª vez desde 2003

O salario mínimo não subiu acima da inflação pela primeira vez desde 2003, no início da série medida pelo Dieese. Começou a valer no dia 1º o novo salário mínimo nacional. De R$ 880, o valor passou para R$ 937: um reajuste de 6,48%. No entanto, o reajuste teve a mesma variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O maior aumento real foi em 2006, de 13,04%. O menor foi em 2016, de 0,36%.

Segundo o Dieese, com o novo valor de R$ 937 e considerando uma taxa mensal da inflação medida pelo INPC para dezembro em 0,05%, o salário mínimo terá acumulado ganho real de 77,17% desde 2003.

(Foto: Arte/G1)Impactos na economia

O Dieese estima que 47,9 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo. A elevação do mínimo corresponde a R$ 35 bilhões de incremento de renda na economia e R$ 18,865 bilhões de aumento na arrecadação tributária sobre o consumo.

Previdência

O peso relativo dos benefícios de até 1 salário mínimo é de 48,3% e corresponde a 68,6% do total de beneficiários, segundo o Dieese. O acréscimo de cada R$ 1 no salário mínimo tem impacto estimado de R$ 300,7 milhões ao ano sobre a folha de benefícios da Previdência Social. Assim, o impacto do aumento para R$ 937 (variação de R$ 57 em relação ao salário mínimo anterior) significará custo adicional ao ano de cerca de R$ 17,142 bilhões para os 23,13 milhões de beneficiários.

Empregados

Entre os 12,2 milhões de empregados, o impacto anual decorrente do aumento é de R$ 9,049 bilhões. O impacto entre os 8,6 milhões de trabalhadores por conta própria é de R$ 5,872 bilhões. Já entre os 3,8 milhões de trabalhadores domésticos é de R$ 2,809 bilhões.

Cesta básica

Com o valor do salário mínimo em R$ 937 e a cesta básica de janeiro estimada em R$ 435 na cidade de São Paulo, o salário mínimo teria poder de compra equivalente a 2,15 cestas básicas, segundo o Dieese. Levando em conta a série histórica que relaciona as médias do salário mínimo e da cesta básica anuais, o levantamento mostra que a quantidade de 2,15 cestas básicas corresponde ao maior valor verificado desde 1979.

Regiões

Entre os ocupados, o salário mínimo teve maior força nas regiões Norte e Nordeste em 2015. No Norte, 40,9% recebiam até 1 salário mínimo e 36,5% mais de 1 até 2 salários. No Nordeste a proporção era de 54% e 30%, respectivamente. No Sudeste 18,1% recebiam até 1 salário mínimo e 45% mais de 1 até 2 salários. No Sul a proporção era de 16% e 44,1%, respectivamente. No Centro-Oeste era 20% e 41,4%. No Brasil, a média era de 28,3% e 40,3%, respectivamente.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Governo Temer quer recuperar concessões de rádio e TV para políticos

Jornal GGN O presidente Michel Temer recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar ações do Ministério Público Federal (MPF) em todo o país e permitir que políticos investidos de mandato sejam proibidos, conforme manda a Constituição, de deterem sociedade de empresas de comunicação concessionárias de serviço público, como rádios e TVs.

Segundo informações do Supremo, a Advocacia Geral da União (AGU) apresentou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 429 na última segunda-feira (7) e, na quarta (9), a ação foi distribuída para a ministra Rosa Weber.

AGU alegou que proibir a posse de veículos de comunicação a parlamentares fere “preceitos fundamentais como o do valor social do trabalho e da livre iniciativa, da primazia da lei, da livre expressão e da liberdade de associação.”

Para a defesa de Temer, “o Poder Judiciário vem proferindo decisões conflitantes a respeito da matéria“, e por isso o Supremo deveria se manifestar sobre a constitucionalidade da proibição.

MPF tem ajuizado diversas ações civis públicas nas quais postula o cancelamento ou a não renovação das concessões, permissões e autorizações de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens a empresas que tenham como sócios titulares de mandado eletivo. Além dessas ações, aponta que tramitam no MPF investigações preliminares sobre a matéria, inclusive com expedição de recomendações a parlamentares no sentido da sua exclusão do quadro societário dessas empresas.

Os procuradores usam o artigo 55 da Constituição, que veda, desde a expedição do diploma, deputados e senadores de “firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes“.

Mas, na visão da AGU, os serviços de radiodifusão estão submetidos a atos reguladores próprios, e a participação de parlamentares não está proibida pela Constituição. “O artigo 222 da Constituição, que traz limitações à propriedade e ao quadro societário dessas empresas, não faz qualquer referência ao fato de determinado sócio ser detentor de mandato eletivo”, sustenta. “E se não há restrição constitucionalmente estabelecida nesse sentido, não pode sequer a lei fazê-lo”.

No pedido de liminar para suspender a tramitação de todas as ações que tratam do tema, a AGU aponta o risco de serem proferidas novas decisões que provoquem a suspensão dos serviços. “Vale ressaltar que a radiodifusão constitui o único meio de comunicação realmente universalizado no Brasil”, argumenta. “A suspensão do serviço e da concessão de novas outorgas ensejaria irremediável prejuízo à população, em detrimento da necessária continuidade do serviço público e implicaria danos particulares às pessoas jurídicas e físicas envolvidas em sua prestação”.

Rosa Weber, contudo, já proferiu opinião contrária. Na Ação Penal 530, a ministra afirmou que, “a proibição específica de que parlamentares detenham o controle sobre empresas de radiodifusão”, pela Constituição, visou evitar o “risco de que o veículo de comunicação, ao invés de servir para o livre debate e informação, fosse utilizado apenas em benefício do parlamentar, deturpando a esfera do discurso público”.

Para a ministra, segundo matéria daCartaCapital, “democracia não consiste apenas na submissão dos governantes a aprovação em sufrágios periódicos. Sem que haja liberdade de expressão e de crítica às políticas públicas, direito à informação e ampla possibilidade de debate de todos os temas relevantes para a formação da opinião pública, não há verdadeira democracia”. E “para garantir esse espaço livre para o debate público, não é suficiente coibir a censura, mas é necessário igualmente evitar distorções provenientes de indevido uso do poder econômico ou político”.

Segundo levantamento do Intervozes, há atualmente 40 deputados federais e senadores no corpo societário de empresas de comunicação.


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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Pior que condução coercitiva: a PF tirou Aécio da praia para depor

Por Kiko Nogueira - Não fosse uma nota numa coluna da revista Época, você jamais ficaria sabendo que Aécio Neves foi depor na Polícia Federal.

Pois o senador foi ouvido no inquérito que apura se ele fraudou dados da CPI dos Correios, de 2005.

Se houve vazamento para a imprensa, ninguém deu prosseguimento. Mais provavelmente, nada foi vazado.

Também não teve cobertura ao vivo na GloboNews, helicóptero, agentes com fuzis e muito menos condução coercitiva. Tudo nas mais perfeitas calma e civilidade.

Sob essa cortina de silêncio, escapou a razão do depoimento. Em sua delação premiada homologada no STF, Delcídio do Amaral contou que o mineiro maquiou informações obtidas no Banco Rural pela Comissão Parlamentar de Inquérito que ele presidiu.

Suspeita-se da ocultação da relação entre o Banco Rural e o mensalão mineiro.

Delcídio também implicou Eduardo Paes, na época deputado federal pelo PSDB, e Clésio de Andrade.

“Que os dados atingiriam em cheio a pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais”, lê-se na delação.

Sobra ainda para Carlos Sampaio, o pitbull de Aécio ao longo de 2015 e meados de 2016. Sampaio saberia da tentativa de maquiagem.

Em outubro, Gilmar Mendes atendeu ao pedido de Janot e autorizou a PF a analisar vídeos do transporte de documentos da CPI dos Correios.

No dia em que o inquérito sobre Aécio foi aberto, 3 de maio, servidores transportaram caixas de uma sala para a Coordenação de Arquivo do Senado a pedido do gabinete do tucano.

Aécio alegou que estava colhendo elementos para apresentar a sua defesa. Você acredita se quiser.

O maior desrespeito dos agentes que quiseram ouvi-lo na terça foi tirar Aécio Neves da praia com um sol desses. Isso não se faz.


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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O preço da imprensa brasileira: 900% de aumento em verbas publicitárias. E Padilha some do noticiário

E os bens bloqueados de Eliseu Padilha?

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na semana passada, o desesperado Michel Temer se reuniu com João Roberto Marinho, um dos três herdeiros do império da Rede Globo, e pediu uma cobertura jornalística mais generosa da empresa.

Também nos últimos dias, vários prepostos da mídia monopolista visitaram os aspones da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência. Pelo jeito, as conversas renderam frutos.

Somente as revistonas – como Veja, Época e IstoÉ – tiveram um aumento de 900% nas verbas publicitárias.

Como contrapartida, a mídia mercenária parece que deu uma trégua ao covil golpista. Um dos chefes da quadrilha, o ministro Eliseu Padilha, por exemplo, já sumiu do noticiário.
No início de dezembro, o ministro-chefe da Casa Civil e mais seis sócios foram alvos de duas ações de bloqueio de R$ 108 milhões em bens por degradação ambiental.

Por determinação da Justiça, uma operação conjunta das polícias Militar, Civil a Ambiental de Mato Grosso encontrou cerca de 1.900 cabeças de gado durante os mandados de busca e apreensão nas fazendas do homem de confiança do Judas Michel Temer.

Reportagem da Folha registrou que “também foram encontrados espingardas, 18 armas de fogo, uma motosserra e um trator… No local, além das diversas armas de fogo, foram encontradas provas de desmatamento em área de preservação permanente e produtos ou substâncias tóxicas nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, segundo o Ministério Público Estadual “.

Ainda de acordo com a matéria, “em uma das fazendas interditada, de acordo com a Promotoria, os policiais encontraram péssimas condições das acomodações dos funcionários. As imagens foram encaminhadas aos Ministérios Público do Trabalho, Federal e ao Ministério do Trabalho, diante da suspeita de trabalho análogo à escravidão”.

E a Folha completou, apimentando ainda mais o caso: “A esposa do ministro Eliseu Padilha, Maria Eliane, também foi alvo do bloqueio da Justiça por ser sócia do marido em uma das fazendas. O valor bloqueado é de mais de R$ 3 milhões”.

Na ocasião, o ativo líder do “golpe dos corruptos” — também chamado nos bastidores de Brasília de “Eliseu Quadrilha” — disse que ficou surpreso com a existência das duas ações civis públicas e com a busca e bloqueio dos seus bens.

Em nota, ele afirmou que o juiz deferiu as liminares sem que ele fosse ouvido e que tudo o que ele tem de bens está disponível ao conhecimento de qualquer cidadão.

“Não foi bloqueada a dita importância [$ 108 milhões] em minha conta corrente bancária, até porque o saldo dela era de R$ 2.067,12, que foi bloqueado”. Coitado! É um pobretão!

O episódio esquentou os rumores de que o amigo do Judas Michel Temer seria o próximo ministro a ser defecado do covil golpista.

Na bolsa de apostas de Brasília, sua cotação cresceu.

Diante da onda de boatos, o próprio usurpador fez questão de garantir, em coletivas à imprensa, que não exoneraria o seu braço direito e homem de confiança.

Depois das conversas com João Roberto Marinho e das boas novas em publicidade para os veículos impressos, o bloqueio de bens de Eliseu Padilha simplesmente sumiu da mídia mercenária.

Nada mais sobre crimes ambientais e depósito de armas. Nada mais sobre exploração de trabalho análogo à escravidão.

Nada mais sobre “Eliseu Quadrilha”. Coincidência?

sábado, 17 de dezembro de 2016

Governo Temer: Bem-vindos à barbárie

Como a Alemanha dos anos 20 pode ensinar o Brasil a se defender do projeto autoritário gestado à sombra de um governo de cabaré
Foi um alemão barbudo e ainda hoje muito incômodo quem disse, bem a propósito, que se a história se repete, a primeira vez é como tragédia e a segunda, como farsa. O ilusório e curto intermezzo democrático da Alemanha dos anos 20 que desembocou no nazismo – conhecido como República de Weimar – sugere, de todo modo, tantas semelhanças e, portanto, tantas advertências no que diz respeito ao Brasil golpista e arbitrário da parceria Michel-Moraes-Moro-Mendes que, seja o nosso momento histórico uma sinistra tragédia, ou uma mera farsa, é bom se precaver.
Dispense-se de cara, naturalmente, qualquer comparação entre a tradição artística do país de Bach, Beethoven, Goethe, Schiller e Thomas Mann e a indigência mental da pátria canarinho, abastecida pela má-fé e o farisaísmo da mídia, nação aparvalhada que, no calor da radicalização política insana, acabou por adotar como faróis da atividade intelectual pensadores do porte de Alexandre Frota, de Susana Vieira, de Romero Britto, de Luiz Felipe Pondé e do próprio presidente-poeta, o qual, no pedestal de suas mesóclises parnasianas, até as letras clássicas pretende usurpar. 
Mais cruel e dramático fica, portanto, revisitar o exemplo alemão do primeiro pós-Guerra, com a pergunta engasgada na garganta: como é que um dia pôde triunfar a barbárie naquela Alemanha com tamanho estofo civilizatório? Como foi possível acontecer bem naquele momento em que, tão logo foi derrotado nos campos de batalha o ranço prussiano e autocrático de um império capenga, desabrocharam mil flores de uma estufa cultural que fazia fervilhar, no palco, no cinema, na arquitetura, nas artes plásticas, na filosofia, na vida civil uma nova era? 
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Em Nuremberg, 1927, o ovo da serpente foi chocado por parte da mídia, pelo Judiciário e pelo rancor da derrota de 18 (Latinstock)
O interregno de Weimar, apesar de tudo, foi uma ilusão. Historiadores perspicazes preferem dizer que seu fim estava implícito desde o começo. A vitória dos sociais-democratas em janeiro de 1919, em meio à convulsão revolucionária que ameaçava se alastrar para além das fronteiras da recém-criada Rússia soviética, obrigou o precário gabinete Friedrich Ebert a transferir a prometida Assembleia Constituinte para uma cidade a 240 quilômetros da insegura e turbulenta Berlim. Burgo de grande tradição cultural, Weimar – Goethe e Schiller tinham morado lá – tinha tudo para servir de símbolo de uma Alemanha enfim liberal, embora, em premonição aziaga, os constituintes tivessem de recorrer à proteção armada dos Freikorps – milícia de voluntários construída a partir dos destroços do Exército do Kaiser e de desocupados raivosos.
Os Freikorps se revelariam um estorvo para o futuro intercurso republicano, mas o texto constitucional made in Weimar, rascunhado por Hugo Preuss, acadêmico de renome, liberal e judeu, sinalizava para um regime parlamentarista sincero e legítimo, com descentralização federativa e presidente forte, ao estilo francês. Foi promulgado a 6 de fevereiro no mesmo teatro onde Franz Liszt regera a estreia de Lohengrin, de Richard Wagner.
Os reformistas saudaram o avanço como se fosse uma revolução, mas naquele exato momento os revolucionários de fato estavam sendo trucidados. Socialistas moderados, no poder, versus espartaquistas, que ao poder aspiravam, na moldura soviética, com o apoio dos marinheiros insurretos de Kiel e de Hamburgo e de proletários de todo o país – a esquerda engalfinhava-se, enquanto a direita espreitava para dar o bote.
O governo, acusando os espartaquistas de serem agentes russos, lavou as mãos enquanto as milícias e o que o sobrara das tropas regulares promoviam a matança. Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, líderes da insurreição, foram assassinados à queima-roupa, depois de presos e torturados, ambos no mesmo dia, 15 de janeiro, em Berlim, enquanto os socialistas de Ebert tentavam em Weimar conferir um ar de normalidade à transição. O assassinato do primeiro-ministro da Baviera, Karl Eisner, insuflaria os comunistas a proclamar uma “República Soviética” na província, esmagada com ferocidade no início de maio. Na subsequente paz de cemitérios, já dava para perceber, como fez o conde Harry Kessler, que “tudo ficará como dantes”.
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Realismo. Otto Dix tematizou as violências do cotidiano (Latinstock)
“Fundar um país na cidade de Goethe não garantia um país à imagem de Goethe. Nem mesmo garantia sua sobrevivência”, resume a historiador Peter Gay (em A Cultura de Weimar). “A República nasceu derrotada, viveu em tumulto e desde o início havia muitos que viam sua labuta com suprema indiferença ou com aquela alegria malsã pelo sofrimento dos outros, para a qual a Alemanha havia cunhado o termo evocativo de schadenfreude. Mesmo assim, a escolha de Weimar não foi nem quixotesca nem arbitrária; durante certo período a República teve uma chance real.”
O burburinho cultural parecia refletir essa esperança de uma suave convivência democrática numa nação pouco afeita a ela, se bem que Lotte H. Eisner, em seu clássico A Tela Demoníaca (que foca no cinema expressionista dos anos 20), sugira o inverso: “Na Alemanha, o caos e o desespero parecem frequentemente mais propícios à criação”. 
Assim como o Brasil de sempre, a Alemanha dos anos 20 saboreava na democracia um verdadeiro Estado de exceção. Weimar durou 12 anos, quase tanto quanto o desconfortável lapso do PT no Brasil da casa-grande. Os contrapesos que poderiam compensar a reiterada vocação autocrática herdada daquela Prússia imperial não funcionaram. A culpa não era vagamente da história, mas dos homens que a forjaram – ou que diante dos desvarios da conjuntura se omitiram vergonhosamente.
O Exército estava em frangalhos, desmoralizado pela derrota na guerra e humilhado pelo leonino Tratado de Versalhes – que cobrava bilionárias indenizações de guerra e impedia a Alemanha de se rearmar. No entanto, a ameaça do bolchevismo, que batia à porta, improvisou brigadas arruaceiras, bancadas pela burguesia financeira e pela Fiesp de lá, movidas apenas e tão somente pelo desejo de expurgar a esquerda do mapa político (no Brasil, um comunismo fictício sempre foi e continua sendo usado como espantalho para assustar os saraus burgueses ante o avanço das conquistas populares). Os nazistas concluíram com requinte o projeto. Também este filme – o da truculência financiada para extinguir à força o pensamento dissidente – a gente conhece.
À falta do Exército regular, o Judiciário arvorou-se como guardião do status quo. Magistrados de polainas e bigodes retorcidos agiam a bordo de uma parcialidade digna da Lava Jato. Acomodados no aconchego do establishment, os burocratas aplaudiam. O eixo do mal estava formado. Os agentes da lei jamais se interessaram em apurar, por exemplo, o assassinato dos líderes da esquerda revolucionária (o corpo de Rosa Luxemburgo, atirado no Canal Landwehr, só apareceu, inchado e irreconhecível, quatro meses depois).
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Goebbels tentou cooptar o Lang de Os Nibelungos. O cineasta rapou o cofre e sumiu (Latinstock)
Tratamento diferenciado obteve aquele celerado de nacionalidade austríaca que, em protesto contra um governo acusado de ser dócil demais com os vencedores de 1918, reuniu um punhado de ativistas para tentar um caricato putsch numa cervejaria de Munique, na noite de 9 de novembro de 1923. O golpe falhou e o ex-cabo Adolf Hitler foi acusado de alta traição. No entanto, seu julgamento transformou-se numa pantomima digna daquelas que nosso Supremo Tribunal encena hoje. Condenado à pena mínima de cinco anos, Hitler ficou apenas oito meses detido. Graças à farsa judicial, o golpista que era só uma piada reapareceu na condição de importante figura da cena política.
A humilhação pelo diktat de Versalhes – que os alemães atribuíam basicamente a uma desforra dos franceses, derrotados pelas tropas do Kaiser em 1870 – fermentou e azedou, em conjuração tóxica com a hiperinflação do pós-Guerra e com o desemprego crônico (só na capital 250 mil desempregados vagavam pelas ruas, mendigando o que fosse), e, embora a economia tenha, graças ao socorro externo, recuperado alguma estabilidade em meados dos anos 20, até a nova traulitada da crise de 29, estava aí servida a dieta cotidiana que foi extraindo da opinião pública seus demônios mais despóticos.
Para tanto acabaria por dar sua contribuição – adivinhem! – a imprensa, ainda que não haja comparação possível entre a toada monocórdia de nossa mídia oligárquica, feroz adversária da liberdade, e os veículos alemães da época, de tendência plural, onde podia florescer, por exemplo, a verve crítica de George Grosz (“Meus desenhos expressam desespero, ódio e desilusão”) e onde militava a favor dos famintos e dos deserdados o traço contundente de uma Käthe Kollwitz e de um Otto Dix.
A virada autoritária da mídia impressa deu-se quando entrou em cena um magnata da indústria, Alfred Hugenberg, enriquecido durante a inflação. Precursor da família Marinho, Hugenberg decidiu controlar a indústria de opinião. Foi cevando um monopólio. Não se acanhou em flertar com aquele que era até então um pária da alta política – e com as sinistras teorias raciais dele. Conferiu alegremente aos nazistas uma respeitabilidade que eles não tinham. Deu no que deu.
Caligari
No palco. O desejo revolucionário ganhou voz e som na Ópera dos Três Vinténs, de Bretch e Weill ( Latinstock)
Estupidez, desfaçatez e covardia davam o diapasão à política de Weimar, enquanto a Alemanha sacudia-se, nos cabarés burlescos, ao som frenético da transgressão sem pausa. Um estrangeiro como o inglês Christopher Isherwood haveria de ver, na decadência, altivez. Mas a dissipação alcoolizada e libidinosa retratada por Isherwood em seu Adeus a Berlim já presumia, na urgência do presente, um mal-estar com o futuro.
Aquela Alemanha que chocava o ovo da serpente era também a Alemanha da Escola de Frankfurt – fundado em 1923, como “Instituto de Pesquisa Social”, agregaria mestres do reformismo  marxista tais como Herbert Marcuse, Theodor Adorno, Walter Benjamin, Max Horkheimer, Franz Neumann, Paul Lazarsfeld, Leo Löwenthal e Erich Fromm  – e de Bauhaus – a academia de arte, design e arquitetura criada sob a égide de Walter Gropius, em 1919, significativamente em Weimar, antes de se mudar para Dasau, em 1925, onde um ambiente experimental, descontraído e vigoroso (e que Gropius pretendia, em vão, ser “apolítico”) atraiu talentos como Paul Klee, Wassily Kandinsky, Lyonel Feininger, Herbert Bayer, Marcel Breuer.
Era igualmente a Alemanha do teatro de Bertolt Brecht musicado por Kurt Weill e da literatura dos irmãos Mann, Thomas e Heinrich (há quem veja no sanatório de A Montanha Mágica, avassaladora obra-prima de Thomas Mann, “um simulacro da civilização europeia, podre, exausto com a paz, pronto para a dança da morte, abertamente próspero e serenamente corrupto”. À mesma época, a psicanálise extravasou de sua Viena natal e aclimatou-se de tal forma além fronteira norte que parecia tão alemã quanto o chucrute e a bratwurst. Eram alemães alguns dos mais inspirados discípulos de Sigmund Freud: Karl Abraham, Wilhelm Reich, Erich Fromm. Nos redutos da intelligentsia, Albert Einstein roçava cotovelos com o escritor Stefan Zweig, o acadêmico Max Weber, o maestro Bruno Walter e os compositores Alban Berg e Paul Hindemith. 
Na noite em que Einstein desfrutou na Filarmônica de Berlim dos solos inspirados de um violinista de 13 anos chamado Yehudi Menuhin, aquele que buscava na ciência a síntese do universo chegou a ele por um inesperado caminho. “Você me provou, Yehudi”– disse Einstein – “que existe um Deus no firmamento.”  
Os anos 20 davam a impressão de firmar para a Alemanha o compromisso com a razão, o intelecto e a criatividade, mas no bas-fond da psique alemã ainda se encrespavam as ondas de um nacionalismo triunfal, alimentado pelo discurso do romantismo germânico e pelos mitos de heróis avoengos. Não por acaso, um dos filmes favoritos do futuro Führer era Os Nibelungos, de Fritz Lang, saga guerreira lançada em 1924 e que, depois do assalto ao poder pelos nazistas, acabaria valendo ao cineasta o embaraçoso convite de dirigir a estatal de cinema. Na versão edulcorada do mitômano Lang, o ministro da Informação, Joseph Goebbels, chamou-o ao gabinete para transmitir o recado de Hitler. Lang pediu 24 horas para pensar, rapou as economias no banco e partiu no primeiro trem para Paris. Seja como for, estava desencadeado o êxodo dos melhores cérebros do país. 
Nada foi tão nitidamente metafórico quanto o cinema expressionista alemão dos anos 20. Nas sombras espectrais, nas figuras sinistras que se esgueiravam nas frestas do chiaroscuro, na noite permanente, no décor que, contrariando as regras da perspectiva, recortava planos multifacetados, vertiginosos, escorregadios, como se os objetos também guardassem uma alma diabólica, o expressionismo impôs uma estética que parecia gritar o perigo que haveria de vir. O prenúncio da tragédia vem desde o pioneiro O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiener (de 1919), de onde aflora, na visão de um crítico, “a Alemanha gótica, sinistra, demoníaca, cruel”– para tudo se acabar, em emblemática premonição, num asilo de loucos. 
Dr. Mabuse, o Jogador (de Fritz Lang), M, o Vampiro de Düsseldorf (também de Lang), Nosferatu (de Friedrich Murnau) aventuravam-se pelo território fictício do mal absoluto, “com os sopros glaciais do além” (como definiu Siegfried Kracauer, no clássico De Caligari a Hitler), espaço a ser, logo, logo, na dura e crua realidade, preenchido pelos fanáticos do apocalipse nazi. Cientistas malévolos, experimentos monstruosos, criaturas mesmerizadas desfilam nas telas sombrias do expressionismo como que parodiando o fervilhante laboratório político e social dos anos Weimar. 
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Metafísica. Mann expôs um mundo doente. Einstein buscou a síntese e viu Deus no violino (Latinstock)
Na eleição parlamentar de 1930, o partido nacional-socialista teve 6,5 milhões de votos e 107 de seus deputados tomaram assento no Reichstag. Na de 1932, os nazistas perderam 2 milhões de votos e 34 cadeiras. Mas a República, em sucessivos solavancos, só conseguia se prender ao tênue fio de honorabilidade do presidente ancião, o marechal Hindenburg.
E foi ele quem, resignado, cedeu aos conselheiros supostamente pragmáticos e fez de Adolf Hitler o chanceler da Alemanha. Também lá os covardes e os hipócritas alegaram “a legalidade” do processo, sabendo-se de antemão que a primeira coisa que Hitler haveria de fazer no poder seria golpear essa “legalidade” por cujas frestas chegara ao poder. O projeto nazista sempre foi a ditadura e a barbárie. A ilegalidade via “legalidade”: o Brasil de 2016 tem precedente.

Assista “O BRASIL NÃO RESOLVE SUA CRISE SEM ELEIÇÃO DIRETA E GOVERNO LEGÍTIMO”

Em entrevista à TV247, o economista, ex-ministro de FHC e um dos fundadores do PSDB, Luiz Carlos Bresser Pereira, defende que "o Brasil precisa da renúncia de Temer e das diretas já", porque "o Brasil é uma democracia e o que está aí não é uma democracia"; um dos maiores críticos ao golpe que afastou Dilma Rousseff da presidência, Bresser Pereira comenta do papel assumido atualmente pelo Judiciário, com as crises no Executivo e no Legislativo; "Ganhou força, virou o poder perfeito", ironiza, "mas também tem suas corrupções"; para ele, "vazamentos fazem parte do jogo da Lava Jato" e o juiz Sérgio Moro "está imbuído de uma visão robesperriana, radical, que vai restabelecer a moral em um dia"; assista
O Brasil precisa de eleições diretas e um governo legítimo. Só assim conseguirá sair de suas crises política e econômica. As declarações são do economista, ex-ministro e um dos fundadores do PSDB, Luiz Carlos Bresser Pereira, em entrevista à TV247 nesta sexta-feira 16.
"O Brasil precisa da renúncia de Temer e das diretas já. O Brasil não resolve sua crise política e econômica enquanto não houver uma eleição e nós tivermos um governo legítimo. O Brasil é uma democracia e o que está aí não é uma democracia", disse Bresser Pereira. Até uma semana atrás, Bresser acreditava que o governo Temer iria chegar, "mal ou bem, até 2018". "Depois das delações, eu acho que fica muito difícil", avalia agora.
Um dos maiores críticos do processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff da presidência, para ele um "golpe parlamentar", as "pedaladas fiscais foram mera desculpa" para tirar Dilma. Os motivos, segundo ele, passavam por ela ser de esquerda, por ser do PT e assim eles (as elites) não a dominavam e também por ter sido incompetente na gestão da economia. 

Sobre a Lava Jato, o ex-ministro acredita que "os vazamentos fazem parte do jogo" da investigação. "Para ela ser bem-sucedida, ela precisa de apoio da população, e para isso ela precisa vazar todas as informações, precisa que um procurador mostre um gráfico ridículo sobre a corrupção, que naquele caso era do Lula... eles querem moralizar o Brasil num dia", afirma. Sua opinião sobre o juiz Sérgio Moro: "está imbuído de uma visão robesperriana, radical, que vai restabelecer a moral em um dia.
O cenário atual, para Bresser Pereira, de grande crise no Executivo e no Legislativo, deu ao Judiciário muito poder. "O Judiciário ganhou força, virou o poder perfeito", diz com ironia. "Mas não é nada disso, ele também tem suas corrupções".
Para o ex-tucano, os golpistas "estão descobrindo que foram enganados". Ele faz duras críticas à Reforma da Previdência de Michel Temer: "É draconiana, quer fazer a coisa muito rapidamente". Para ele, no entanto, "fazer um protesto contra a reforma simplesmente será um erro da esquerda, dos democratas. Minha sugestão é que haja um substitutivo aceitável. Negociar, mas para isso é preciso ter alternativa. Algo que resolva o problema da previdência, mas que não seja essa violência".
Bresser Pereira diz ainda que "não faz sentido nenhum" o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assumir a presidência no lugar de Temer em caso de eleição indireta. "Ele já disse que não aceita e acho que não deve aceitar mesmo", diz. E concorda com a tese de que a perseguição contra o ex-presidente Lula tem o intuito de tirá-lo das eleições. "Eu acho que realmente o que se quer é inviabilizar o Lula. Porque ele é o líder político mais importante que sugeriu no Brasil desde Getúlio Vargas".

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